"Neste momento tenho muitos sentimentos contraditórios, que nem consegui ainda assimilar." Foram estas as primeiras palavras de Yecenia Armenta assim que experimentou a liberdade, depois de quatro injustos anos atrás das grades. E apesar de dizer que foi por nunca se ter calado que lhe abriram as portas da prisão, a verdade é que em muito contribuíram as 36 mil assinaturas recolhidas na Maratona de Cartas só em Portugal, e que fazem parte de um bolo mundial que ultrapassou os sete milhões de apelos.
A mexicana Yecenia foi acusada, pelas polícia estadual da sua cidade, Sinaloa, do assassínio do marido, crime que sempre asseverou não ser da sua responsabilidade, mesmo depois de ter sido torturada (esteve suspensa pelos tornozelos, de pernas para o ar, e foi sufocada) e violada nos longos interrogatórios a que foi sujeita. Por cá, a petição da Amnistia Internacional, em forma de carta, foi entregue, em fevereiro, na Embaixada do México. Nela exigia-se às autoridades daquele país que libertassem imediatamente Yecenia, que investigassem as torturas a que foi sujeita e punissem severamente os seus responsáveis. Um dia depois de sair da prisão, aos 43 anos, imaginamos Yecenia abraçada aos seus dois filhos, de quem tem estado afastada. Foi isso que disse ao mundo que a ajudou a sair do pesadelo: "Agora, quero muito ver os meus filhos." Este não é o primeiro caso bem sucedido no seguimento desta maratona de cartas. Notícia original "Site da revista Visão" |